Em 1897, Gustav Killian , o “pai da broncoscopia” , retirou um corpo estranho do brônquio de um paciente. Em 1964, na tentativa do diagnóstico precoce do câncer de pulmão, Ikeda desenvolveu o primeiro protótipo de um broncoscópio flexível. Desde então várias mudanças ocorreram com o intuito de melhorar a qualidade do exame. Alterações essas que foram sentidas também pelo paciente e cirurgião, até chegar ao aparelho de broncoscopia flexível que temos hoje, diminuindo riscos e elevando qualidade. Hoje, a maioria das broncoscopias é realizada em caráter ambulatorial, sob anestesia local, e quando necessário, associada à sedação.
Importante ressaltar que existe a broncoscopia flexível e a broncoscopia rígida (cada uma com as suas indicações e participações na propedêutica com o paciente).
A broncoscopia é um exame muito importante e uma parte integrante da pratica diária do cirurgião torácico. Principalmente ajudando no diagnóstico e no tratamento de doenças das vias aéreas.
Habitualmente a maioria dos exames é feito pelo aparelho flexível. A utilização da broncoscopia rígida ainda encontra indicações precisas. A maior parte delas terapêuticas, como a retirada de corpos estranhos das vias aéreas e dilatações de estenoses traqueais e colocação de moldes. O alcance deste exame é menor que o da broncoscopia flexível.
Existem várias indicações e cada caso deve ser estudado detalhadamente. Algumas das situações em que existe indicação da broncoscopia são:
- Avaliar rouquidão (disfonia);
- Hemoptise, (escarro com sangue);
- Tosse crônica;
- Diagnóstico e estadiamento para câncer de pulmão
- Estadiamento de câncer de esôfago;
- Doença pulmonar difusa;
- Pneumonia persistente ou recorrente;
- Atelectasias;
- Retiradas de corpo estranho;
- Avaliação de decanulação (retirada de canula de traqueostomia);
- Estenose de vias aéreas;
- Abscesso pulmonar;
- Fístulas;
- Auxílio nas intubações difíceis;
- Dentre outras ;
O local para a realização do exame é em uma sala destinada à broncoscopia ou em ambiente de bloco cirúrgico, ambientes estes com condições seguras para a realização da maior parte das broncoscopias flexíveis sem necessidade de internação.
Para a realização do exame o paciente necessita:
- Jejum de 8 horas para sólidos e de 4 horas para líquidos sem resíduos;
- Levar todos os exames (principalmente radiografias e tomografias) previamente realizados para serem revistos na hora da broncoscopia;
- Ir acompanhado por uma pessoa responsável – durante o exame pode ser usada medicações para que você durma e por isso você não deve diruigir ou andar sozinho para casa depois;
- Levar documentos de identidade, carteira do convênio caso tenha e guia autorizada do SUS ou convênio..
Observações
- Lembre ao seu médicos as medicações que você usa, principalmente anticoagulantes, como Marevan, clopidogrel (Plavix) e Ticlopidina (Ticlid), Ácido acetilsalicílico (Aspirina®, AAS®).
- Chegue meia hora a uma hora antes do horário marcado para resolver problemas burocráticos que eventualmente apareçam.
- A alimentação após o exame poderá ocorrer quando você estiver bem acordado e andando sem ajuda.
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas nas 24 horas que se seguem ao exame.
- Pode ocorrer febre, até 39º, mas não significa infecção. Tome uma medicação antitérmica de sua preferência como dipirona, novalgina, Tylenol e ligue para seu médico.
- Eventualmente, quando forem feitas biopsias, poderá ocorrer escarro com sangue, que inicialmente é vivo e depois fica mais escuro. Não se preocupe. É normal.
Os procedimento realizados na broncoscopia são guiados conforme a localização e tipo de lesão a ser investigada ou tratada.
Ao encontrar uma lesão endobrônquica suspeita faz-se várias biópsias tendo cuidado de evitar áreas com necrose.
Existem outros recursos a serem empregados além da biópsia brônquica quando o exame é normal. O lavado bronco-alveolar consiste na injeção e aspiração de soro fisiológico a 0,9%, em volumes variando entre 80 a 240ml, em um segmento pulmonar. Este material aspirado é chamado de lavado bronco-alveolar e pode ser encaminhado à análise citológica, microbacteriológica e imunológica.
A biópsia pulmonar transbrônquica, punção aspirativa transbrônquica com agulha (de Wang) de linfonodomegalias ou massas peribrônquicas, escovado e aspirado brônquico também podem ser realizados dependendo de cada caso para ajudar no diagnóstico
A broncoscopia apresenta algumas contra-indicações que são na maioria geralmente relativas e podem ser ajustadas. Há um risco aumentado em pacientes com: enfisema, DPOC, distúrbios ventilatórios em geral, broncoespasmo de difícil controle (asma grave), arritmias, angina instável, síndrome da veia cava superior, distúrbios neuro-psiquiátricos, entre outros. Casos como esses, o exame deve ser realizado essencialmente no centro cirúrgico com o auxílio de um anestesiologista preparado ou mesmo no CTI com o objetivo de minimizar os riscos.
As complicações graves são raras. Contudo; Hipoxemia (baixa de oxigênio no sangue) e suas consequências, hemoptise (sangramento), perfuração das vias aéreas e pneumotórax são as mais temidas.